Por. Geraldo Carneiro Filho
O que é Dízimo?
- É a décima parte da renda, consagrada ao Senhor.
- Muitas das nações da Antiguidade tinham procedimento semelhante em relação aos seus deuses e governantes.
- Aparece na Bíblia como prática dos patriarcas mesmo antes de ser instituído como lei em Israel; Abraão deu o dízimo a Melquisedeque (Gn.14:20) e Jacó também fez votos de dar a Deus o dízimo de tudo o que o Senhor lhe concedesse (Gn.28:22).
- Portanto, o dízimo não "nasceu" como uma ordenança e sim como um ato espontâneo, que depois foi instituído como lei. Ele está presente bem antes de nossa existência e da própria igreja.
- O dízimo não é mera obrigatoriedade, mas um ato oriundo da fé nas promessas de Deus.
- O dízimo é o meio pelo qual a Igreja tem aqui na terra para realizar a evangelização, enviar missionários, manter os seus obreiros, cuidas da assistência social, construir templos com infra-estrutura para abrigar o povo e suprir o dia-a-dia da administração. O DÍZIMO É PARA ISTO; NÃO TEM OUTRA FINALIDADE!
NA DISCUSSÃO DESTE ASSUNTO, VEJAMOS DUAS IMPORTANTES QUESTÕES:
1) O DÍZIMO É CONTRIBUIÇÃO PERFEITAMENTE CRISTÃ - Mt 23:23 - A prática do dízimo entre os contemporâneos de Jesus tornou-se legalista e ostentatória de falsa espiritualidade. Os escribas e fariseus cumpriam esta determinação para serem vistos e honrados pelos homens e não como fruto sincero de corações agradecidos. Era apenas aparência; nada mais. Todo o texto de Mt 23 enfatiza este lado da arrogância, da falsa religiosidade, onde a hipocrisia se reveste de justiça para tornar-se a glória de corações iníquos e apodrecidos. Alguns podem pensar, à primeira vista, que Jesus estivesse condenando o dízimo. Porém, uma leitura mais acurada do texto revela que ele estava reprovando a motivação errada. O que Jesus fez foi reforçar o conceito de que o dízimo, antes de ser mera obrigatoriedade, para aparentar justiça, é um ato de fé que produz obediência voluntária aos mandamentos da Palavra de Deus.
2) O DÍZIMO TEM DE SATISFAZER A TRÊS REQUISITOS:
A) TEM DE SER VOLUNTÁRIO - II Cor 9:7 - Não há diferença entre a prática do dízimo e das ofertas. Se todos os crentes dessem o dízimo, não haveria necessidade de a Igreja local lançar mão de campanhas financeiras para a execução de sua tarefa.
B) TEM DE SER METÓDICO e PROPORCIONAL AOS RENDIMENTOS - I Cor 16:2 - Duas coisas aparecem no texto: (1) As contribuições eram feitas no primeiro dia da semana (domingo); e (2) Era proporcionalmente à prosperidade de cada um, ou seja, quando se dá 10% isto indica que é proporcional. Assim, a voluntariedade da contribuição A SEU MODO, está errado!
C) O VALOR DO DÍZIMO, SE NÃO FOR IGUAL A 10%, TEM DE SER SUPERIOR – A minha orientação para os membros da Igreja é: Caso o valor do dízimo seja inferior a 10%, dê apenas como oferta e não como dízimo. Caso seja superior, separe o valor dos 10% e dê como dízimo; a diferença para mais, dê como oferta.
NÃO BASTA, PORTANTO, APENAS CONTRIBUIR COM O DÍZIMO! - A Bíblia fala de dois níveis: o dízimo e a oferta (Ml.3:8-10). O dízimo e a oferta são apresentados como também produzindo um memorial perante o Senhor, e o texto mostra claramente que não podemos deixar de ser fiéis nos dois casos. Dízimo e oferta também são expressões da nossa fé em Deus.
O SIGNIFICADO DA PALAVRA “ROUBAR” NO LIVRO DE MALAQUIAS
(Ml 3:6-12)
O termo usado para ROUBAR tem a ideia de TOMAR À FORÇA. Assim, não era obra de um descuidado; ERA ALGO PLANEJADO, INTENCIONAL – Logo, O PLANEJAMENTO ou A INTENÇÃO de não dar o dízimo, é vista por Deus como uma violência contra Ele
O outro significado para a palavra ROUBARÁ é SUPLANTAR; TIRAR VANTAGEM DE. Assim, o versículo ficaria desta forma: “SUPLANTARÁ O HOMEM A DEUS?” ou “TIRARÁ VANTAGEM O HOMEM SOBRE DEUS?”
Ml 3:10 - A promessa dada por Deus impõe uma condição: Primeiro trazer os dízimos; depois, fazer prova do Senhor, que garante derramar bênção tal, trazendo maior abastança. Porém, é preciso que fique claro: ISTO NÃO ANULA AS AFLIÇÕES DA VIDA, ONDE APARECEM OS MOMENTOS DE SEQUIDÃO. Agora, Deus, com certeza, garante vitória aos que, com fidelidade em tudo, atravessam estas horas mais difíceis, pois a Palavra do Senhor jamais cai por terra.
FAZER PROVA - Não é chantagear o Senhor, mas saber que Ele é fiel para conosco.
DUAS CLASSES DE DIZIMISTAS NA IGREJA
1) OS DIZIMISTAS - NÃO SÃO CONTRÁRIOS À DOUTRINA DO DÍZIMO. São aqueles que dão os dízimos sem constrangimento ou imposição. A sua contribuição é consciente, metódica e voluntária.
Às vezes, alguns crentes, por causa de certas dificuldades financeiras, não dizimam. Não que sejam contrários à doutrina do dízimo, mas porque acham que, primeiro, devem acertar as suas finanças para, depois, passar a contribuir fielmente com o dízimo, observando os três requisitos acima expostos: voluntário, metódico e proporcional ao rendimento. (II Rs 4:1-7)
2) OS ANTI-DIZIMISTAS - São os que não aceitam a doutrina do dízimo, seduzem outros membros a não dizimarem, dizem que o povo é pobre e a crise é tremenda. São aqueles que, se o pastor falar da doutrina do dízimo, dizem que ele está precisando de dinheiro e, se o pastor não falar sobre a doutrina do dízimo, é porque o ele já está cheio do dinheiro e não precisa de mais.
OS PROPÓSITOS, PRINCÍPIOS E VERDADES RELACIONADOS AO DÍZIMO NO ANTIGO TESTAMENTO.
Nm 18:20-32; II Cr 31:4-5; Ne 12:44-45 cf Hb 7:5 - Um dos propósitos do dízimo era o sustento dos levitas em troca dos serviços prestados na tenda da congregação; Além disso, recebiam uma parte das ofertas (Dt 18:1-2). Por sua vez os levitas davam os dízimos dos dízimos ao sacerdote (Nm 18:26).
Dt 14:28-29 - Outro propósito do dízimo era auxiliar aos necessitados: o estrangeiro, o órfão e a viúva.
Dt 26:1-15; Ml 3:8-10 - Assim como Deus dera bênçãos a Seu povo, os que as receberam devia reparti-las com as pessoas menos favorecidas. Dar o dízimo, portanto, traria bênçãos divinas. Desta forma, não só a Casa de Deus era suprida, como também mantida a tribo levítica, responsável pelo sacerdócio.
ÉTICA PASTORAL NAS FINANÇAS
II Cr 31:11-19; Ne 12:44 - Esta seção descreve como os sacerdotes e os levitas recolheram e distribuíram as ofertas sagradas. Começa com a expressão FIELMENTE e termina com a frase COM FIDELIDADE. Absoluta integridade é necessária quando se trata das ofertas a Deus (II Cor 8:19-21 - A maneira reverente e fiel pela qual tudo foi organizado, deve ser um exemplo de eficiência nas igrejas de Cristo).
1) Fidelidade na entrega do dízimo (Tg 2:12; Ml 3:10)
2) Fidelidade na administração dos dízimos e ofertas (III Jo 5; At 20:33)
3) Fidelidade com os obreiros da igreja (Lc 10:7; I Tm 5:18)
4) Não ser amante do dinheiro (I Tm 6:10)
5) Não fazer dívidas além de sua capacidade financeira (Lc 14:28-30; Pv 22:7).
Lições retiradas de At 20:35
Não olhe para o tamanho do seu salário, mas para a grandeza de Deus, a quem servimos com a nossa contribuição.
Devemos nos lembrar que o dízimo é uma quantia bem menor do que aquela empregada em coisas vãs.
Se dermos o dízimo com motivação errada, mudemos de rumo! Façamo-lo por amor à obra e como um ato de fé nas promessas de Deus, que resulta na obediência voluntária aos Seus mandamentos, sem legalismo.
Geraldo Carneiro Filho
FONTES DE CONSULTA
1) Revista Discipulado (Novos Convertidos) – CPAD
2) O Pastor Pentecostal - Um Mandato para o Século XXI - CPAD - Thomas, E. Trask
3) Igreja, Lugar de Vida - Editora Betânia - Naamã Mendes
4) Ética Pastoral - CPAD - Nemuel Kessler
5) Líderes À Beira do Abismo - Editora Betânia - Strong Joice
6) Apostila do Evangelista Fernando Oliveira