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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Por que estão exorcizando o dízimo?

Por Ciro Sanches Zibordi

Na atualidade, um equivocado movimento extremista insere o dízimo no mesmo bojo das falaciosas doutrinas da Teologia da Prosperidade

A prática do dízimo sempre foi comum na Igreja Presbiteriana, na Igreja Batista, na Assembleia de Deus e em outras igrejas tradicionais. Mas há, na atualidade, um equivocado movimento extremista que insere o dízimo no mesmo bojo das falaciosas doutrinas da Teologia da Prosperidade. Não sou líder de igreja, a despeito de ser pastor. Não sou sustentado por dízimos dos fiéis. Ademais, a minha posição contrária à Teologia da Prosperidade já é bastante conhecida de quem costuma ler os meus textos. Não apoio as práticas que igrejas pseudocristãs e pseudopentecostais utilizam para literalmente arrancar o dinheiro dos fiéis. E, por todas essas razões, posso falar à vontade a respeito do dízimo.

Penso que devemos, sim, nos opor aos falsos evangelhos, contrários à salvação pela Graça (Gl 1.8; 2 Co 11.3,4), mas sem exagero. Afinal, a contribuição financeira espontânea para a obra do Senhor, inclusive com o dízimo, nunca foi considerada uma heresia nas igrejas. Por que agora seria ela pecaminosa e reprovável? Antes do surgimento da Teologia da Prosperidade, não havia tanto combate ao dízimo. Mas muita gente começou a atacá-lo, como se ele fosse também parte integrante do aludido desvio teológico, depois que aumentou, e muito, o mercantilismo da fé (2 Co 2.17). Está crescendo, e muito, o número dos inimigos do dízimo. Curiosamente, boa parte destes (sem generalizar) é formada por desigrejadores, desigrejados, desviados, agnósticos, ateus, pessoas revoltadas que se opõem a pastores, igrejas, Ceia do Senhor, inspiração plenária da Bíblia.

Tenho observado que cristãos equilibrados, sadios de coração, atuantes na obra do Senhor, não são dados a movimentos revolucionários que querem “reinventar a roda”, derrubar o “sistema” e exorcizar doutrinas, ordenanças e práticas antigas das igrejas. Concordo que não há uma grande quantidade de versículos a respeito do dízimo no Novo Testamento. Mas também não existe uma passagem sequer desaprovando essa forma de contribuição. E o dízimo tem a seu favor o fato de o Senhor Jesus ter se referido a ele como um dever, a despeito de ser menos importante que o juízo, a misericórdia e a fé (Mt 23.23).

Embora tenha sido instituído nos tempos do Antigo Testamento e adotado como meio de sustento dos levitas que serviam no Templo, o dízimo tem a sua importância nos tempos neotestamentários. Assim como no Templo os levitas precisavam do dízimo e das ofertas alçadas para manterem o lugar de culto a Deus e se manterem (Ml 3.8-10), os ministros e templos de hoje — e a obra de Deus, de maneira geral — precisam de recursos para a sua manutenção. Por que o dízimo não pode ser usado hoje como um meio de arrecadação de dinheiro em prol da obra do Senhor? Não podem as igrejas pedir o dízimo dos fiéis, desde que não haja barganha e imposição? O que as impede de estimular os servos de Deus a contribuírem mensalmente com 10% dos seus rendimentos?

Muitos têm interpretado mal o fato de o Senhor Jesus ter inaugurado o tempo da Graça (Jo 1.17), ao pensarem que, com isso, Ele aboliu tudo o que fora dado a Moisés. Não! A obra vicária do Senhor serve eficazmente para não mais dependermos da Lei para a salvação, a qual se dá única e exclusivamente por meio da Graça (Ef 2.8-10; Tt 2.11). Entretanto, nem todos os mandamentos e princípios do tempo do Antigo Testamento foram revogados ou desprezados pelo nosso Senhor, como se vê principalmente em Mateus 5 a 7.

Em Mateus 5.27,28, vemos — por exemplo — que o Senhor não revogou o mandamento “Não adulterarás”, mas o modificou, tornando-o mais abrangente, passando a considerar o aspecto psicológico. O Senhor Jesus, definitivamente, não revogou toda a Lei (Rm 15.4). Falando especificamente do Decálogo (que é apenas um resumo da Lei), nove dos dez mandamentos foram repetidos no Novo Testamento de maneira ampliada ou modificada. A única exceção é quanto à observância do sábado (Mc 2.24-28; Gl 4.8-11). Considero exagerado, extremado, esse movimento que visa a exorcizar e esconjurar o dízimo, com base no argumento de que ele pertence à Lei.

Ora, quais são as implicações negativas de sua observância quanto à salvação pela Graça? Contribuir com o dízimo impede alguém de ser salvo? Quem dá o dízimo faz isso para obter a salvação pelas obras? Tudo o que temos, nesta vida, pertence ao Senhor (1 Co 4.7; Tg 1.17; Sl 24.1; Êx 13.2), inclusive o dinheiro (Ag 2.8,9). A Ele não pertence apenas 10% do que possuímos, e sim tudo (100%). E o Senhor tem permitido que administremos o que nos tem dado pela Graça (1 Co 4.1; 6.19,20), inclusive a nossa renda. Uns são mais generosos, e outros, menos. Mas, que mal existe em alguém contribuir mensalmente com o dízimo, para manutenção da obra do Senhor? Antibíblica e anticristã essa prática não é, a menos que somem a ela as técnicas usadas pelos propagadores da falaciosa Teologia da Prosperidade.

Conquanto o texto de Mateus 23.23 apresente uma contundente mensagem do Senhor Jesus aos fariseus, vejo nele incentivo à prática do dízimo aplicável aos dias de hoje. Caso contrário, nada do que está escrito em Mateus 23 poderia ser aplicado hodiernamente. Muitos pastores, por exemplo, baseiam-se no versículo 28 para pregar contra a hipocrisia: “exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e iniquidade”. Por que não podemos usar o versículo 23 para estimular a contribuição do dízimo? O dízimo e as ofertas para a obra do Senhor podem ser defendidos com base em várias passagens neotestamentárias, como Hebreus 7.1-10; Romanos 4.11,12,16; Gálatas 3.9; João 8.39; Atos 4.32; 2 Coríntios 8.1-9; 9.6ss; Filipenses 4.10-19, etc. Mas a passagem mais enfática quanto ao dízimo é mesmo Mateus 23.23. Ela contém um grande ensinamento: o de que devemos priorizar, ao contrário dos fariseus, a justiça, a misericórdia e a fé, mas sem nos esquecermos de que devemos contribuir para a obra do Senhor: “deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas”.

Opositores do dízimo dizem que o texto de Mateus 23.23 não se aplica a nós porque na cruz toda a Lei foi anulada e tudo o que Ele disse antes da sua crucificação baseara-se na Lei. Bem, se não podemos receber como verdade neotestamentária o que o Senhor disse antes de sua morte e sua ressurreição, a igreja de Atos dos Apóstolos baseava os seus ensinamentos em quê? É evidente que ela seguia as verdades transmitidas por Jesus no período em que andou na terra (o que inclui Mateus 5-7, 23-25, João 13-17, etc.), antes de morrer e ressuscitar, e antes da sua ascensão (At 1.1-9). É claro que, no tempo da Graça, a contribuição financeira deve ser, antes de tudo, voluntária, generosa, altruísta, em gratidão a Deus por tudo quanto dEle temos recebido (Tg 1.16).

Por outro lado, não há necessidade de exorcizar a prática do dízimo, como se ela pertencesse ao pacote herético da Teologia da Prosperidade, a qual é perniciosa em razão da intenção de seus adeptos: “por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas” (2 Pe 2.3). Contribuir com o dízimo mensalmente, em gratidão a Deus e pensando no bem da obra dEle, não é, de modo algum, barganhar ou ser amante do dinheiro (1 Tm 6.10). A Bíblia não apoia a prática de contribuir financeiramente com segundas intenções. A despeito disso, tenho certeza de que o Senhor abençoa a quem contribui com generosidade, alegria, como se vê claramente em passagens como 2 Coríntios 9.6-15 e Malaquias 3.8-10.

Diante do exposto, a impressão que tenho é que os oponentes do dízimo agem assim muito mais porque não desejam contribuir do que para manter a pureza do Evangelho e protegê-lo da Teologia da Prosperidade. Lembremo-nos de que o nosso julgamento deve ocorrer de acordo com a reta justiça, e não mediante generalizações e “caça às bruxas” (Jo 7.24).

Fonte: CPAD NEWS

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Dízimo é coisa do passado ( 2 )?


Por. Geraldo Carneiro Filho 

O que é Dízimo?

- É a décima parte da renda, consagrada ao Senhor.
- Muitas das nações da Antiguidade tinham procedimento semelhante em relação aos seus deuses e governantes.

- Aparece na Bíblia como prática dos patriarcas mesmo antes de ser instituído como lei em Israel; Abraão deu o dízimo a Melquisedeque (Gn.14:20) e Jacó também fez votos de dar a Deus o dízimo de tudo o que o Senhor lhe concedesse (Gn.28:22).
- Portanto, o dízimo não "nasceu" como uma ordenança e sim como um ato espontâneo, que depois foi instituído como lei. Ele está presente bem antes de nossa existência e da própria igreja.

- O dízimo não é mera obrigatoriedade, mas um ato oriundo da fé nas promessas de Deus.
- O dízimo é o meio pelo qual a Igreja tem aqui na terra para realizar a evangelização, enviar missionários, manter os seus obreiros, cuidas da assistência social, construir templos com infra-estrutura para abrigar o povo e suprir o dia-a-dia da administração. O DÍZIMO É PARA ISTO; NÃO TEM OUTRA FINALIDADE!


NA DISCUSSÃO DESTE ASSUNTO, VEJAMOS DUAS IMPORTANTES QUESTÕES:

1) O DÍZIMO É CONTRIBUIÇÃO PERFEITAMENTE CRISTÃ - Mt 23:23 - A prática do dízimo entre os contemporâneos de Jesus tornou-se legalista e ostentatória de falsa espiritualidade. Os escribas e fariseus cumpriam esta determinação para serem vistos e honrados pelos homens e não como fruto sincero de corações agradecidos. Era apenas aparência; nada mais. Todo o texto de Mt 23 enfatiza este lado da arrogância, da falsa religiosidade, onde a hipocrisia se reveste de justiça para tornar-se a glória de corações iníquos e apodrecidos. Alguns podem pensar, à primeira vista, que Jesus estivesse condenando o dízimo. Porém, uma leitura mais acurada do texto revela que ele estava reprovando a motivação errada. O que Jesus fez foi reforçar o conceito de que o dízimo, antes de ser mera obrigatoriedade, para aparentar justiça, é um ato de fé que produz obediência voluntária aos mandamentos da Palavra de Deus.

2) O DÍZIMO TEM DE SATISFAZER A TRÊS REQUISITOS:
A) TEM DE SER VOLUNTÁRIO - II Cor 9:7 - Não há diferença entre a prática do dízimo e das ofertas. Se todos os crentes dessem o dízimo, não haveria necessidade de a Igreja local lançar mão de campanhas financeiras para a execução de sua tarefa. 

B) TEM DE SER METÓDICO e PROPORCIONAL AOS RENDIMENTOS - I Cor 16:2 - Duas coisas aparecem no texto: (1) As contribuições eram feitas no primeiro dia da semana (domingo); e (2) Era proporcionalmente à prosperidade de cada um, ou seja, quando se dá 10% isto indica que é proporcional. Assim, a voluntariedade da contribuição A SEU MODO, está errado!

C) O VALOR DO DÍZIMO, SE NÃO FOR IGUAL A 10%, TEM DE SER SUPERIOR – A minha orientação para os membros da Igreja é: Caso o valor do dízimo seja inferior a 10%, dê apenas como oferta e não como dízimo. Caso seja superior, separe o valor dos 10% e dê como dízimo; a diferença para mais, dê como oferta.
NÃO BASTA, PORTANTO, APENAS CONTRIBUIR COM O DÍZIMO! - A Bíblia fala de dois níveis: o dízimo e a oferta (Ml.3:8-10). O dízimo e a oferta são apresentados como também produzindo um memorial perante o Senhor, e o texto mostra claramente que não podemos deixar de ser fiéis nos dois casos. Dízimo e oferta também são expressões da nossa fé em Deus.


O SIGNIFICADO DA PALAVRA “ROUBAR” NO LIVRO DE MALAQUIAS
(Ml 3:6-12)

O termo usado para ROUBAR tem a ideia de TOMAR À FORÇA. Assim, não era obra de um descuidado; ERA ALGO PLANEJADO, INTENCIONAL – Logo, O PLANEJAMENTO ou A INTENÇÃO de não dar o dízimo, é vista por Deus como uma violência contra Ele

O outro significado para a palavra ROUBARÁ é SUPLANTAR; TIRAR VANTAGEM DE. Assim, o versículo ficaria desta forma: “SUPLANTARÁ O HOMEM A DEUS?” ou “TIRARÁ VANTAGEM O HOMEM SOBRE DEUS?”

Ml 3:10 - A promessa dada por Deus impõe uma condição: Primeiro trazer os dízimos; depois, fazer prova do Senhor, que garante derramar bênção tal, trazendo maior abastança. Porém, é preciso que fique claro: ISTO NÃO ANULA AS AFLIÇÕES DA VIDA, ONDE APARECEM OS MOMENTOS DE SEQUIDÃO. Agora, Deus, com certeza, garante vitória aos que, com fidelidade em tudo, atravessam estas horas mais difíceis, pois a Palavra do Senhor jamais cai por terra.

FAZER PROVA - Não é chantagear o Senhor, mas saber que Ele é fiel para conosco.
DUAS CLASSES DE DIZIMISTAS NA IGREJA


1) OS DIZIMISTAS - NÃO SÃO CONTRÁRIOS À DOUTRINA DO DÍZIMO. São aqueles que dão os dízimos sem constrangimento ou imposição. A sua contribuição é consciente, metódica e voluntária.
Às vezes, alguns crentes, por causa de certas dificuldades financeiras, não dizimam. Não que sejam contrários à doutrina do dízimo, mas porque acham que, primeiro, devem acertar as suas finanças para, depois, passar a contribuir fielmente com o dízimo, observando os três requisitos acima expostos: voluntário, metódico e proporcional ao rendimento. (II Rs 4:1-7)

2) OS ANTI-DIZIMISTAS - São os que não aceitam a doutrina do dízimo, seduzem outros membros a não dizimarem, dizem que o povo é pobre e a crise é tremenda. São aqueles que, se o pastor falar da doutrina do dízimo, dizem que ele está precisando de dinheiro e, se o pastor não falar sobre a doutrina do dízimo, é porque o ele já está cheio do dinheiro e não precisa de mais.

OS PROPÓSITOS, PRINCÍPIOS E VERDADES RELACIONADOS AO DÍZIMO NO ANTIGO TESTAMENTO.

Nm 18:20-32; II Cr 31:4-5; Ne 12:44-45 cf Hb 7:5 - Um dos propósitos do dízimo era o sustento dos levitas em troca dos serviços prestados na tenda da congregação; Além disso, recebiam uma parte das ofertas (Dt 18:1-2). Por sua vez os levitas davam os dízimos dos dízimos ao sacerdote (Nm 18:26).

Dt 14:28-29 - Outro propósito do dízimo era auxiliar aos necessitados: o estrangeiro, o órfão e a viúva.

Dt 26:1-15; Ml 3:8-10 - Assim como Deus dera bênçãos a Seu povo, os que as receberam devia reparti-las com as pessoas menos favorecidas. Dar o dízimo, portanto, traria bênçãos divinas. Desta forma, não só a Casa de Deus era suprida, como também mantida a tribo levítica, responsável pelo sacerdócio.

ÉTICA PASTORAL NAS FINANÇAS
II Cr 31:11-19; Ne 12:44 - Esta seção descreve como os sacerdotes e os levitas recolheram e distribuíram as ofertas sagradas. Começa com a expressão FIELMENTE e termina com a frase COM FIDELIDADE. Absoluta integridade é necessária quando se trata das ofertas a Deus (II Cor 8:19-21 - A maneira reverente e fiel pela qual tudo foi organizado, deve ser um exemplo de eficiência nas igrejas de Cristo).


1) Fidelidade na entrega do dízimo (Tg 2:12; Ml 3:10)
2) Fidelidade na administração dos dízimos e ofertas (III Jo 5; At 20:33)
3) Fidelidade com os obreiros da igreja (Lc 10:7; I Tm 5:18)

4) Não ser amante do dinheiro (I Tm 6:10)
5) Não fazer dívidas além de sua capacidade financeira (Lc 14:28-30; Pv 22:7).
Lições retiradas de At 20:35

Não olhe para o tamanho do seu salário, mas para a grandeza de Deus, a quem servimos com a nossa contribuição.
Devemos nos lembrar que o dízimo é uma quantia bem menor do que aquela empregada em coisas vãs.
Se dermos o dízimo com motivação errada, mudemos de rumo! Façamo-lo por amor à obra e como um ato de fé nas promessas de Deus, que resulta na obediência voluntária aos Seus mandamentos, sem legalismo.

Geraldo Carneiro Filho

FONTES DE CONSULTA
1) Revista Discipulado (Novos Convertidos) – CPAD
2) O Pastor Pentecostal - Um Mandato para o Século XXI - CPAD - Thomas, E. Trask
3) Igreja, Lugar de Vida - Editora Betânia - Naamã Mendes
4) Ética Pastoral - CPAD - Nemuel Kessler
5) Líderes À Beira do Abismo - Editora Betânia - Strong Joice
6) Apostila do Evangelista Fernando Oliveira

Dízimo é coisa do passado ( 1 )?


                                                      
     pr. Geraldo Carneiro Filho
O Dízimo no Novo Testamento   
              (Mt 5.17; Lc 19.1-10)

Muitas vezes se tem dito que o Antigo Testamento contem mais ensino sobre a mordomia que o Novo Testamento e que, para o mordomo cristão, o Antigo Testamento é um manual mais claro que o Novo. É muito difícil sustentar tal avaliação, especialmente se observamos as parábolas de Jesus e seus ensinos.

Quando lemos com a devida atenção os escritos de Paulo, não percebemos qualquer indicação quanto ao dízimo. Vemos uma omissão curiosa e desconcertante por parte de um homem que conhecia muito bem a lei. Contudo, é possível afirmar que a contribuição do dízimo dentro do NT. é algo íntegro e digno da observação por parte do cristão do presente século. O relativo silêncio sobre o tema, pode ser entendido se considerarmos que o dízimo era algo que Jesus, Paulo e outros autores bíblicos consideravam sua prática um fato habitual e indiscutível. Tratava-se, portanto, de uma prática que não necessitava ser estabelecida (Mt 23.23; Lc 11.42; 18.12; Hb 7.1-10).

Jesus falou sobre o dinheiro 90 vezes. Dos 107 versículos do Sermão do Monte, 22 referem-se a dinheiro, e 24 das 49 parábolas de Jesus mencionam dinheiro.

1. Jesus não se opôs ao dízimo (Mt 5. 17,18; 23.23). Podemos classificar o dízimo como pertencente à lei moral, visto que partimos do princípio de que tudo que temos é de Deus. Ele é dono de todas as coisas. A lei cerimonial ficou circunscrita a Israel; referia-se a costumes, alimentação e etc. Hoje não temos nenhuma obrigação para com essa lei. Ao devolvermos o que não nos pertence, reconhecemos que somos propriedades do Deus Triúno.

2. O dízimo era uma prática generalizada. Dirá alguém: não há nenhum mandamento para dar o dízimo, no NT.. De fato, não há, nem haveria necessidade disso. Tratava-se de uma prática generalizada. Um mandamento sobre o dízimo seria, no dizer do povo: "chover no molhado". O mesmo ocorre em relação à guarda do Domingo.

Na Epístola aos Hebreus 7.1-10, Melquisedeque é figura de Cristo. Quando Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, estava entregando ao próprio Cristo. Jesus, pois, recebe dízimos até hoje dos crentes fiéis, através da igreja que Ele instituiu e incumbiu da propagação do evangelho.

Um outro aspecto que devemos observar dentro do NT., é que o dízimo deve ser usado no sustento do ministério sagrado (1 Co 9). Paulo fala do dever que as igrejas têm de sustentarem condignamente os seus obreiros, missionários e ministros do evangelho. No verso 11 desse capitulo, Paulo usa várias figuras de linguagem para explicar esse tema. No verso 14 o apóstolo conclui: "Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho". Trata-se de uma ordem dada pelo próprio Cristo, cuja autoridade precisa ser respeitada.

A Realidade do Dízimo no Novo Testamento

Como nas outras leis do AT., o dízimo recebe na nova dispensação maior amplitude, no princípio da mordomia da vida e da propriedade. Esse princípio não exclui o dízimo, porém, vai além dele, assim como o NT., sem excluir o AT., completa-o e amplia-o.

Por isso mesmo, o que encontramos no NT., são exemplos de contribuição que vão além do dízimo. Exemplo: Viúva pobre (Mc 12.41-44); Zaqueu (Lc 19.8); crentes de Jerusalém (At 2.44, 45; 4.32-37); crentes da Macedônia (2 Co 8.1-5); crentes de Corinto (1 Co 16.2).

Quem se dispuser a praticar o ensino do NT. tomará o dízimo como simples ponto de partida, procurando crescer na graça da contribuição, a ponto de dizer como R. G. Le Torneau, riquíssimo e liberalíssimo industrial crente: "A questão não é quanto de meu dinheiro devo dar ao Senhor, mas: quanto do dinheiro do Senhor devo guardar para mim?".

Não há uma distinção essencial entre o dízimo do Antigo e do Novo Testamento. No primeiro, era parte da aliança, para o povo que a ela pertencia e envolvia compromisso, era princípio e valor espiritual, um privilégio concedido ao povo da aliança, jamais uma imposição. No Novo Testamento, não é diferente. Cada participante da Igreja de Cristo tem um compromisso assumido através dos votos Sagrados feitos diante de Deus perante a sua igreja. No AT., o dízimo era regido pela lei, observando o princípio de culto, e reconhecimento da soberania de Deus. No NT., é impulsionado pelo amor, pela devoção e desejo sincero da prática de culto e obediência aos princípios da aliança.

O dízimo, tanto no Antigo como no Novo Testamento é uma doutrina clara e explícita. Não se trata de uma imposição da lei e sim um privilégio para o crente. Não se pode admitir a idéia de que está implícito no aparente silêncio do Novo Testamento a revogação desta santa doutrina. Não é inteligente trocarmos o explícito pelo implícito, trocar o certo pelo duvidoso.

Portanto, quando se considera o caráter contínuo da aliança, não é possível que uma pessoa verdadeiramente regenerada, convertida, justificada e adotada como família da aliança, não se sinta movida a uma verdadeira adoração ao autor, provedor e sustentador da aliança: "Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!" (Rm 11.36).

Em Cristo.
Geraldo Carneiro Filho