Assistiu ao vídeo acima? Agora, leia o artigo que escrevi para o jornal Mensageiro da Paz de março de 2012.
Ecumenismo religioso: uma armadilha do Diabo
Houve um tempo em que o ecumenismo religioso era considerado um grande
perigo para as igrejas cristãs. Pastores verberavam contra ele. E
qualquer comunhão ecumênica entre evangélicos, católicos romanos e
espíritas era inimaginável. Mas os tempos mudaram. Hoje, o
relacionamento entre padres galãs e celebridades gospel é tão bom que
estas até fornecem suas composições àqueles. Certa cantora gospel,
inclusive, fez uma canção dedicada a Maria. Juntos, romanistas e
evangélicos participam de shows ecumênicos e programas de auditório. “O
que nos une é muito maior do que o que nos divide”, argumentam.
O ecumenismo — gr. oikoumenikós, “aberto para o mundo inteiro” —
prega a tolerância à diversidade religiosa e a oposição a quem defende
uma verdade exclusiva. Trata-se de uma armadilha de Satanás, com o
objetivo de calar os pregadores da Palavra de Deus. Ele se baseia no
princípio “democrático” de que cada pessoa possui a sua verdade. Mas o
Senhor asseverou que não existe unidade motivada pelo amor divorciada da
verdade da Palavra: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.
[...] Se alguém me ama, guardará a minha palavra” (Jo 14.15-24).
Causa estranheza o fato de uma parte do evangelicalismo moderno
considerar o ecumenismo religioso biblicamente aceitável. Já ouço
pastores dizendo: “A doutrina bíblica divide. É o amor que nos une. A
igreja deve ser inclusiva”. A despeito de o Senhor Jesus ter afirmado:
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14.6), está crescendo no
meio evangélico a simpatia pelo movimento ecumênico. Nos Estados Unidos,
pastores renomados deixaram de falar de Jesus com clareza. Pregam sobre
Deus de maneira generalizante, a fim de não ofenderem romanistas,
muçulmanos, budistas etc. E, no Brasil, alguns acontecimentos têm
preocupado aqueles que ainda preservam a sã doutrina.
Recentemente, um conhecido pastor realizou — dentro de um templo
evangélico! — um culto ecumênico juntamente com a liderança da Igreja da
Unificação, do “reverendo” coreano Sun Myung Moon. “Qual é o problema
de um pastor de renome ter amizade com o líder de uma seita? Afinal,
todos devem se unir pela paz mundial”, alguém poderá dizer. Não devemos,
de fato, odiar o “reverendo” Moon. Mas, como ter comunhão com alguém
que, de modo blasfemo, desdenha do sangue derramado pelo Cordeiro de
Deus, considerando-o insuficiente para nos purificar de todo o pecado?
Moon também se considera um novo Messias que precisou vir ao mundo para
concluir a obra que o Senhor não conseguiu realizar. Que blasfêmia! A
Palavra de Deus não aprova esse tipo de aliança (2Co 6.14-18).
Outro exemplo de ecumenismo religioso é o envolvimento de pastores com o
unicismo, uma seita que diz ter a “voz da verdade” e vem tendo livre
acesso, através de suas celebridades, às igrejas evangélicas. O
pentecostalismo da unicidade é herético, visto que se opõe à doutrina da
Trindade, a base das principais doutrinas cristãs. Quem se opõe à
tripessoalidade divina (confundindo-a com o triteísmo) nega não apenas a
teologia, mas também a própria Bíblia (Gn 1.26 e Jo 14.23), o
cristianismo (Mt 28.19 e 2Co 13.13), a deidade do Espírito Santo (Jo
14.16-17 e 16.7-10), a clara distinção entre o Pai e o Filho (Jo 5.19-47
e 14.1-16) e o plano da redenção da humanidade (Jo 3.16 e 17.4-5).
Atentemos para a verdadeira voz da verdade, a do Bom Pastor: “As minhas
ovelhas ouvem a minha voz” (Jo 10.17).
Pastores e cantores, por falta de vigilância ou movidos por interesses
pessoais, estão se prendendo a jugos desiguais com os infiéis,
deixando-se enganar pelo ecumenismo religioso. A maior emissora de
televisão do Brasil — que sempre estereotipou e ridicularizou os
evangélicos — descobriu que nem todos os cristãos são “extremistas” e
“fanáticos”. Há um grupo de celebridades gospel que não tem coragem de
dizer clara e objetivamente que o Senhor Jesus é o único Mediador entre
Deus e os homens (1Tm 2.5 e At 4.12).
Em um programa dominical, certa “pastora” resolveu tripudiar sobre os
seus “inimigos”, rodopiando com baianas e cantando com sambistas no
ritmo das religiões afro-brasileiras. Enquanto ela dançava, a
apresentadora, seus convidados e a plateia riam sem parar, numa grande
celebração. Que tipo de evangelho “agradável” e “inclusivo” é esse?
Lembrei-me imediatamente do que o Senhor Jesus disse, em Mateus 5.11-12:
“Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e
mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e
alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim
perseguiram os profetas por minha causa”.
Há poucos dias, uma conhecida cantora gospel admitiu, de modo tácito,
que o sincretismo religioso é aceitável. Ao concordar com a seguinte
frase, dita por um famoso apresentador: “O Caldeirão é uma mistura de
religiões”, ela respondeu: “Tem espaço pra todo mundo”. E o pior:
depois, escreveu nas redes sociais que se sentiu como Paulo no
Areópago... Ora, esse apóstolo não pregou a convivência ecumênica nem
apresentou uma mensagem que os atenienses queriam ouvir. Ele disse o que
todos precisavam ouvir. Ao chegar a Atenas, “o seu espírito se comovia
em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria” (At 17.16). Já a
aludida celebridade, deslumbrada, estava sorridente e saltitante.
Tenho visto muitos incautos felizes pelo fato de celebridades gospel
estarem aparecendo na televisão. Mas não nos iludamos, pois a porta não
foi aberta para o Evangelho. O que existe, na verdade, é um projeto
ecumênico em andamento, o qual visa a enfraquecer a pregação de que o
Senhor Jesus é o único Salvador. Tais celebridades — certamente,
orientadas a não falar claramente da salvação em Cristo — têm empregado
bordões antropocêntricos, que massageiam o ego das pessoas. Elas não têm
a coragem de confrontar o pecado. E apresentam um evangelho light,
agradável, apaziguador, simpático, suave, aberto ao ecumenismo.
O
que está escrito em 1Coríntios 16.9? “Porque uma porta grande e eficaz
se me abriu, e há muitos adversários”. Quando Deus verdadeiramente
abre-nos a porta da pregação do Evangelho, como a abriu para o apóstolo
Paulo, os adversários — Satanás, os demônios e todos os seus emissários —
se voltam contra nós. Mas a mídia está aplaudindo de pé esse “outro
evangelho” aberto à convivência ecumênica. Preguemos, pois, como Paulo,
nesse mundo, que é um grande caldeirão religioso: “Deus, não tendo em
conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo
lugar, que se arrependam” (At 17.30).
Ciro Sanches Zibordi é Editor, escritor, articulista. Copastor da
Assembleia de Deus do Ministério de Cordovil, Rio de Janeiro-RJ. Membro
da Academia Evangélica de Letras do Brasil e da Casa de Letras Emílio
Conde. Colunista do jornal The Christian Post e do portal OGalileo.
Ministrou Hermenêutica, Exegese, Homilética, Teologia Sistemática e
várias outras matérias durante dez anos na FAESP, em São Paulo-SP, onde
se formou. Nesta cidade, pastoreou duas congregações ligadas à
Assembleia de Deus do Ministério do Belém. Atuou na CPAD (RJ) como
gerente de informática e editor de obras nacionais. É autor dos livros
"Perguntas Intrigantes que os Jovens Costumam Fazer" (2003),
"Adolescentes S/A" (2004), "Erros que os Pregadores Devem Evitar"
(2005), "Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria" (2006), "MAIS Erros que
os Pregadores Devem Evitar" (2007), "Erros que os Adoradores Devem
Evitar", todos editados pela CPAD. Além disso, é coautor da obra
"Teologia Sistemática Pentecostal", lançada em 2008 pela CPAD. Também é
preletor em escolas bíblicas, congressos, conferências, realizados no
Brasil e no exterior. Atualmente, reside em Niterói-RJ com a sua esposa,
Luciana, e sua filha Júlia.