terça-feira, 15 de março de 2011

O Primeiro Concilio da Igreja De Cristo.


por pr. Geraldo Carneiro Filho


INTRODUÇÃO

Ao retornar da primeira viagem, Paulo deparou com um problema sério no meio dos judeus cristãos. Ele havia descoberto a fórmula da transculturação, ou seja, evangelizar os gentios sem os judaizar. Os radi­cais que permeavam a Igreja (os judaizantes) queriam que esses novos crentes seguissem o modus vivendi deles. Essa discussão deu origem ao Concílio de Jerusalém. 
Este Concílio foi necessário, pois os cristãos judaizantes desejavam impor uma carga muito pesada aos gentios, a qual nem os seus próprios pais suportaram. Por isso, o Espírito Santo atuou naquelas decisões em prol dos novos conversos e nós, até hoje, somos também beneficiados por elas.
CAUSA DA DISCUSSÃO

OS PERTURBADORES JUDAIZANTES - Deus abriu a porta da fé aos gen­tios. Isso era ponto pacífico (At 11:18; 14.27).
Outro problema sur­giu sobre a situação deles: deviam ser judaizados?
Essa questão era sé­ria e podia ameaçar as bases do Cris­tianismo. Alguns dentre os de Jerusalém foram a Antioquia, dizendo que os gentios deviam se tornar judeus para serem salvos. 
Diziam que os gentios deviam viver o modus vivendi judaico, pres­crito na lei (At 15.1, 5). 
Isso era pro­veniente dos fariseus que se haviam convertido. Eles se apresentaram como vindos da parte de Tiago (Gl 2.12), que jamais os autorizou, como ele mesmo declara - At 15.24.
 Saí­ram da Igreja em Jerusalém, real­mente, mas não foram autorizados a falar em nome dos apóstolos.
LIBERDADE CRISTÃ AMEAÇADA - Em Antioquia da Síria, eles fizeram um estrago muito grande. Até Pedro e Barnabé se deixaram levar por essa "dissimulação", fazendo "vista gros­sa" (Gl 2.11-13). 
Paulo entendeu com clareza meridiana o que isso representava e com justiça ficou re­voltado. Repreendeu publicamente um dos principais líderes da Igreja (G12.14).
  

OS DISCURSOS DO CONCÍLIO
  

PEDRO - Havia grande discus­são, quando Pedro se levantou, cha­mando a atenção dos ouvintes.
 Ele evocou a revelação que recebeu, antes de ir à casa de Cornélio.
 Lem­brou ainda que Deus o escolheu para falar aos gentios, uma alusão à ex­periência na residência do centurião (At 10).
 A declaração de Pedro no versí­culo 11 revela que ele concordou com Paulo na discussão da Antioquia da Síria. São as mesmas palavras que o apóstolo dos gentios usou em Gaiatas 2.16.

PAULO E BARNABÉ - (v. 12) - A experiência de Paulo e Barnabé, na primeira viagem, é um testemunho vivo. Como Deus tratou com os gen­tios de maneira extraordinária, sem o ritualismo judaico e nem os seus encargos. Isso era a prova de que essas práticas não serviam para a sal­vação.
Esse testemunho esmagador de Paulo e Barnabé, somado ao dis­curso de Pedro, testificava contra os judaizantes.

 PALAVRA DO PRESIDENTE

 VALOR DAS DECISÕES CONVENCIONAIS - Tiago esperou que Pedro, Paulo e Barnabé apresentassem o seu parecer sobre o assunto, para depois tomar a palavra.
 A citação de Amos 9.11-12 é ape­nas uma das muitas passagens do Antigo Testamento que prevê a sal­vação dos gentios (Gn 22.18; Sl 22.27; Is 9.2; 42.4; 45.22; 49.6; 60.3; 66.23; Dn 7.14, etc.).
 Jesus determi­nou que se pregasse a todas as na­ções (Mt 28.19; Lc 24.47; At 1.8).
A expressão "povo para o seu nome" era usada com referência a Israel (II Cr 7.14). No entanto, Tiago reconhe­cia que a Igreja era um povo com essa dignidade, constituído de judeus e gentios convertidos ao Senhor.
 COMO CONDUZIR UMA REUNIÃO - O que os demais participantes do evento acabavam.de ouvir de Pedro, Paulo e Barnabé era o cum­primento das promessas de Deus e profecias do Antigo Testamento. Por isso, Tiago dirigiu-se, respeitosa­mente, aos presentes, chamando-os de "irmãos". Não tinha intenção de atacar nem os legalistas e muito me­nos os "liberais", mas o seu compro­misso era com a Palavra de Deus.
  
UM POVO E NÃO UMA SEITA - Ele chamou Pedro pelo seu nome he­braico "Simão".
 Isso mostra que Tiago não o reconhecia como a pe­dra, como reivindica a Igreja Cató­lica.
 A citação parafraseada que Tiago faz nas palavras de Pedro se reveste de suma importância, porque descar­ta a possibilidade de o Cristianismo ser uma seita judaica: "Deus visitou os gentios, para tornar deles um povo para o seu nome" (v. 14). Assim como Israel era uma nação, da mes­ma maneira seria a Igreja.
 As três características de Israel, Pedro aplica também à Igreja: "Mas vós sois geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquiri­do" (I Pe 2.9).
 Esse mistério da vo­cação dos gentios é assunto que Pau­lo se aprofundou em Efésios, capí­tulo 3.
 No entanto.Tiago, nesse Con­cílio, já havia apresentado este tema.


 DECISÃO DO CONCÍLIO

"QUE VOS ABSTENHAIS DAS COISAS SACRIFICADAS AOS ÍDOLOS” - Esse preceito diz respeito às restrições que se referem aos alimentos sacrifica­dos aos ídolos.
 Essa matéria foi aprofundada posteriormente por Paulo (Rm 14.13-16; l Co 8. 7-15; 10.23-33).

PROIBIÇÃO DO SANGUE - A proi­bição de se alimentar de sangue está prevista na lei de Moisés (Lv 3.17). No entanto, ele era usado como ali­mento ou bebida pelos gentios.
 Interpretar tal passagem como proibição para a transfusão de san­gue, sustentada pelas testemunhas-de-Jeová, é uma "camisa-de-força" e não resiste a exegese bíblica.

Pri­meiro, porque o sangue dessa pas­sagem é o dos animais, e não o hu­mano. Pois elas seriam obrigadas a admitir que a "carne sufocada" seja uma referência à carne humana.
 Em segundo lugar, porque nenhum pre­ceito bíblico é nocivo à vida. Essa crença das testemunhas-de-Jeová é condenada por Jesus (Mt 12.3-7).

 ABSTENÇÃO DA CARNE SUFOCADA - Esse preceito está na lei de Moisés (Gn 9:5; 17.10-16; Dt 12.16, 23-25). Era muito comum entre os gentios, e ainda hoje, abater animais sem o derramamento de seu sangue.  

ABSTENÇÃO DA PROSTITUIÇÃO - O padrão moral deles estava muito aquém do judaico-cristão. Era gran­de o risco de os gentios convertidos naufragarem nessas práticas licenci­osas. Havia nos templos a chamada "prostituição sagrada".

CARÁTER DESSAS REGRAS - A ex­pressão "destas coisas fazeis bem se vos guardardes" (v. 29) parece mais uma recomendação.
 Tiago acrescen­ta ainda: "Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue e, cada sábado, é lido nas sinagogas" (v. 21).
 Isso signifi­ca que os judeus têm o alto padrão de conduta e um modus vivendi exemplar, porque estudam sobre isso nas sinagogas todos os sábados.

Os gentios não aprenderam os bons costumes, porque nunca tive­ram quem os ensinasse. Por essa ra­zão, o modus vivendi deles era pre­cário. Aplicar essa conduta judaica aos gentios era o mesmo que afirmar que a graça do Senhor não era sufi­ciente. A lei de Moisés seria o com­plemento para a salvação. Isso redu­ziria o Cristianismo a uma mera sei­ta do judaísmo e, além disso, con­fundiria com a identidade judaica. Nesse caso, era como se os cristãos de hoje usassem o talit (manto usa­do pelos judeus religiosos) e o kippar (solidéo que eles usam sobre a ca­beça), alimentando-se apenas de khasher, como os judeus; além de outros ritos, como condição para a salvação.

UMA QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA - Essas regras eram o mínimo que se pedia dos gentios, para não escan­dalizarem os judeus cristãos. Porém, mais por amor a eles, do que um meio de salvação.
 Uns acham que se trata de injunções e não ordenanças obrigatórias, usando como base Romanos 14.13-16; l Coríritios 8.7-13 e 10.27-29.
 Os contrários dizem que o assunto tra­tado por Paulo nas citações acima é outro. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Vivemos os bons costumes, porque somos salvos e não para sermos santificados. Tudo o que a consciência acusa, ou corrompe os bons costumes, ou viola a santidade e causa escândalo, é pecado.

FONTE DE CONSULTA

Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre de 1996 – Comentarista: Esequias Soares

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