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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Um Pentecoste Intrigante - Esdras Costa Bentho


Por Esdras Costa Bentho

A liturgia pentecostal estremecida pelas formas de espiritualidade que não valorizam a Palavra.


Era sábado à noite. Chovia torrencialmente no Rio de Janeiro. As condições precárias do bairro tornavam a viagem até a igreja local uma odisseia homérica. Buracos incontáveis, barro que cobria toda a estrada..., dilúvio ininterrupto.
Estacionei o carro longe da igreja e segui o restante do percurso a pé. Tirei o sapato e a meia, levantei a barra da calça e pisei a lama. Andei uns trezentos metros até adentrar nos umbrais da minha querida denominação.
Era culto de jovens. Apesar da tempestade, dos raios que iluminavam o céu lúgubre, e do trovão ou talvez raio que derrubara uma velha árvore a poucos metros do templo, a igreja estava abarrotada de jovens, famílias, crentes.
O culto transcorreu com a liturgia tradicional das Assembleias de Deus. Cânticos congregacionais avivalistas e conversionistas, leitura das Escrituras, apresentações, testemunhos e oportunidades para conjuntos visitantes. Ouviam-se as orações e louvores do povo de Deus.
Fui cumprimentado pública e hiperbolicamente pelo pastor local. Ele falava de meus livros, de meu trabalho na CPAD, de como era importante para a Baixada Fluminense ter um dos seus filhos paraibanos trabalhando na editora da denominação; disse até mesmo conhecer minha vida particular e um dos meus tios e que, além de eu ser um “homem de Deus” era também responsável pela pregação naquela fatídica noite. Até que...
Chegado o momento da pregação, retribuí ao pastor o apreço. Abri as Escrituras e li a perícope joanina 12.1-11. Foi tudo o que consegui ler e falar naquele momento...
De repente um glossolalo irrompeu em línguas, seguido de outros três, que se expandiram para seis, doze, vinte e quatro e talvez quarenta e oito. Virei-me em direção ao dirigente local, na expectativa de que ele me apoiasse a retomar a ordem, a liturgia da palavra, mas, infelizmente, ele estava ocupado demais “pulando no espírito”.
Fiquei atônito, embasbacado, estupefato. Empregara muitas horas na preparação da pregação. Fizera uma exegese minuciosa da passagem. Em oração, meditara demorada e profundamente no texto e na contextualização do querigma.
Num ímpeto frenético, uma jovem começou a profetizar no mesmo momento que outra do conjunto visitante. Tentei falar, mas fui repreendido por um obreiro que disse:
“– Não há necessidade de mensageiro quando o Senhor está presente! ‘Ha-le-lui-as’!!!!. Para que ler a carta se o remetente chegou!"
A primeira moça, como um raio que entrecortava as últimas nuvens daquela noite, correu apressuradamente em direção à outra, que também estava profetizando. Passou por três outras imberbes que dançavam “no espírito” e, numa coragem hollywoodiana, pôs a mão sobre a boca da profetiza e disse:
“ – Cala-te. Eu sou o Senhor teu Deus!”
A mulher tirou rispidamente a mão que cobria-lhe o instrumento profético e retrucou, com erro vernacular e tudo:
“– Cale-se você. Eu que sou o Senhor teu Deus!”
“– Não”, retrucou a profetiza,
“– Eu que sou o teu Deus!”
Virei-me mais uma vez, na esperança de que o dirigente me ajudasse a retomar a ordem, mas ele estava ocupado profetizando para um auxiliar, e seus obreiros, caídos ao chão.
Fechei a Bíblia. Dei três passos para trás e sentei-me contemplando um jovem que estava correndo com as mãos abertas como se fosse um planador e outro que colocava uma das mãos no ouvido e outro na boca, como se estivesse conversando com alguém num celular fantasmagórico.
Comecei a chorar ao contemplar a desordem no culto, a manipulação dos carismas, a falsa espiritualidade e a meninice que grassa nalguns arraiais pentecostais.
Passados mais de uma hora, o pastor local retomou a palavra e pediu-me que fizesse as considerações finais. Abri a Bíblia em 1 Coríntios 14 e me ofereci a ministrar um curso acerca dos dons espirituais, mas aquele povo era duro de ouvidos.
Fui em direção ao carro. Tirei o sapato e as meias, levantei as barras da calça, mas uma das meias caiu na lama.

Notas
Glossolalo: aquele que fala em línguas estranhas.
Fonte: CPAD NEWS
Pregando o Evangelho dos Evangelhos!
Esdras Costa Bentho é pastor, teólogo, especialista em Hermenêutica Bíblica e pesquisador em Hermenêutica Filosófica, chefe do Setor de Bíblias e Obras Especiais da CPAD e escritor. É autor dos livros “A Família no Antigo Testamento – História e Sociologia” e “Hermenêutica Fácil e Descomplicada”, e co-autor de “Davi: As vitórias e derrotas de um homem de Deus”, todos títulos da CPAD.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

As profecias de hoje: Confortam mais ou confrontam mais?



Definindo os termos:
O dicionário Aulete define assim o termo confortar: 

1. Aliviar, diminuir dor, desprazer físico, ou sofrimento moral, espiritual de (alguém ou de si mesmo); CONSOLAR(-SE) 
2. Tornar(-se) forte, vigoroso; dar (ou ganhar) novo ânimo ou disposição; refazer(-se), revigorar(-se).; FORTIFICAR(-SE) [
3. Fazer ficar confortável, cômodo. 

Já no termo confrontar diz:
1. Pôr ou ficar (coisas ou pessoas) frente a frente, ou pôr ou ficar (algo ou alguém) em frente ou defronte a algo 
2. Pôr (duas ou mais pessoas) frente a frente, em situação de divergência ou de contradição; ACAREAR [td. : O juiz irá confrontar os litigantes.] 
3. Comparar, cotejar. 
4. Enfrentar; entrar em confronto. 
5. Estar de frente; defrontar(-se);

Ao começar este artigo gostaria afirmar que creio na atualidade dos Dons Espirituais e como tal, gostaria de ver ainda mais a multiforme sabedoria sendo manifesta em nossas igrejas.
Gostaria tomar como base o livro de 1 Coríntios 14:3 que diz: "Mas o que profetiza fala aos homens, para edificação,  exortação e consolação".

A profecia, como todos nós sabemos tem um tríplice propósito: (1)edificação,  (2)exortação e (3)consolação. Estes três devem SEMPRE acompanhar uma profecia, seja ela vinda do Dom da Profecia ou mediante a pregação do Evangelho( evangelho mesmo!), que é a maior profecia já revelada por Deus para os homens. Visto que uma profecia advinda do Dom de Profecia, os homens têm o direito de julgá-la se é de Deus, do homem ou de Satanás ( 1 Coríntios 14:28-32), ou seja, os homens podem julgar uma profecia mediante a Palavra de Deus ( a nossa única regra de fé e prática), não somente uma profecia deve ser julgada,mas toda mensagem passada nos púlpitos devem passar pela " pelos furos da peneira" da Bíblia Sagrada. Mas tudo "segundo a reta justiça (João 7:24).

(1)Edificação
A profecia, assim como todas as demais coisas que fazemos para Deus, devem ser para a edificação do corpo de Cristo(Ef. 4:12; 1 Cor. 14:3 e12; Rom. 14:19;15:2).Será que as profecias atuais em nossas congregações têm edificado o corpo de Cristo?
Muitas pseudoprofecias de nossos dias não passam de pedra de tropeço para muitos, chegando até ao ponto de desviar pessoas de Cristo, devido as decepções por não cumprimento de tais "profecias" de certas pessoas ou do inimigo ( porque a Palavra de Deus não falha, leia Isaías 55:11), mas a dos homens, sim. Isso falamos do Dom da Profecia, mas quanto ao Dom da Palavra que é uma profecia também, será que as mensagens ministradas nos atuais púlpitos têm edificado ou matado pessoas?  

John MacArthur numa de suas frase famosas diz "Nunca suavize o Evangelho. Se a verdade ofende, então deixe que ofenda. As pessoas passam toda sua vida ofendendo a Deus; deixe que se ofendam por um momento". E John Huss certa feita  disse também:"Prefiro ofende-los com a verdade do que mata-los com a mentira"  E aí, caro leitor, será que a sua mensagem tem ofendido pecadores, ou tem massageado seu ego? As suas mensagens ainda confrontam o pecado ou suavizam? Ou tem colocado os pecadores num lugar ainda de maior conforto quando, na verdade, tinha que ser de confronto? Porque existem muitos pecadores, por vezes, que passaram a noite na boate,vive com uma vida totalmente desregrada, mas quando chega na "igreja", lá vem um profeta... e invés de dizer para o irmãozinho se concertar com Deus, não,! Joga uma profetada que "Deus tem uma porta" ( uma porta do inferno, sim), porque é lá o lugar de todos os ímpios e todos aqueles que se esquecem de Deus( Salmos 9:17).

Oremos a Deus que tudo que fizermos seja para a edificação do Corpo de Cristo.
Edificar é construir e não o contrário, se tiveres a certeza do seu chamado,peço-te encarecidamente que persista em ler, exortar e ensinar... (1 Timóteo 4:13).Edifiquemos o Corpo.


 (2)Exortação

 Segundo o mesmo dicionário essa expressão significa:
1. Ação ou resultado de exortar; ENCORAJAMENTO; ESTÍMULO; INCITAÇÃO
2. Admoestação, advertência, aviso, conselho.
3. Jur. Apelo feito pelo juiz aos jurados para que atuem de acordo com os princípios da justiça e com os valores morais que orientam sua consciência.

Pois bem,segundo o dicionário, exortar envolve tanto o CONFORTO, quanto o CONFRONTO. Mas não sei se é por medo ou por outro motivo de inferioridade ou superioridade, os "profetas" atuais têm desejado quanto ao confronto. Porque todos querem ibope para si. Lembrando, que nenhum pregador tem direito de confrontar a vida pessoal de alguém, mas confrontar suas práticas mediante a pregação do evangelho, isso sim, ele não só pode, como também,deve. Só não consigo entender isso quando a questão é Dom de Profecia, visto ser um meio que Deus, espontaneamente usa quem Ele quer, toma ele e usa para transmitir uma mensagem específica e exclusiva, seja para a igreja(congregação) ou para alguém em especial.Como disse no princípio, repito, creio piamente na manifestação do poder de Deus na atualidade, mas não consigo entender como alguém que quando lhe é ordenado para falar algo fala outra coisa, ou mesmo quando não lhe é dito nada, "usa-se"  do poder de Deus para seu beneficio próprio, talvez por ser usada uma vez pensa que sempre será usado. Lembre que na Bíblia existiram pessoas que só profetizaram uma única vez na vida.

O que vimos mais nos DVDs, CDs, etc, é palavra de vitória sobre isso ou sobre aquilo."Deus está no negócio", dizem.O "negócio" certo para quem está em pecado é exortação para que ele(o pecador), se arrependa e depois vem a consolação (quando se arrepender de seus pecados).Não adianta ser chamado de conferencista, congressista,pregador, etc, se na verdade não passa de um animador de plateia.Ou, melhor, um palhaço de circo. Exorte para confortar e, também, ao mesmo tempo, exorte para confrontar, tenha coragem de anunciar as Boas Novas de Reino porque Ele só coroará os que forem corajosos ao anunciarem as verdades contidas nas Escrituras. E exortar aqui não é um simples compartilhamento de um vídeo de um falso profeta (que está fazendo suas meninices) e publicas sem pelo menos deixar um verso condenando a prática do mesmo..Publicar, todos publicam, mas precisamos explicar para o povo o que está errado no que estamos compartilhando, seja vídeos, fotos, notícias,etc.Exorte o povo de Deus com a Palavra de Deus, e não com suas frases de efeito moral. Pregar com efeito moral é fácil  é só dar "palavra enlatada", agora se quiser pregar o Evangelho(Evangelho mesmo!) de Jesus, tem um preço a pagar pelo ministério, porque servir a Jesus,de verdade, é um trabalho árduo. Como disse alguém " Vir a Cristo não lhe custa nada. Seguir a Cristo lhe custa algo.Servir a Cristo custa tudo que você tem"

(3)Consolação

Ainda, encontramos que consolar é:
1. Trazer alívio ao sofrimento ou desgosto (de).
2. Aceitar resignado dor, perda, infortúnio etc.; CONFORMAR-SE; RESIGNAR-SE
3. Tornar brando ou suportável; MITIGAR; SUAVIZAR
4. Suscitar, produzir sensação agradável em

Como lemos no verso de 1 Cor.14.3, a última parte fala do consolo, como sendo o terceiro propósito do Dom de profecia.Sendo assim, como humanos que somos, em meio a tantas intempéries desta vida, muitas vezes nos machucamos, nos ferimos, nos decepcionamos, etc. E como tal(humano) precisamos muitas vezes de consolo de irmãos, amigos e principalmente AJUDA DO ALTO.

Até, quando pecamos e ficamos tristes com a correção,  precisaremos do consolo de Deus. "Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte". (2 Coríntios 7:10).

Quem não gosta de ser consolado quando está triste? Ninguém! Por isso é que Deus providenciou o Consolador depois que Jesus ascendeu ao Céu para estar conosco com as seguintes palavras " E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre"; João 14:16

Precisamos (e muito!) do consolo de Deus! Mas a hora de exortar para arrependimento, usarmos para consolar, é que menos entendo (...) mas Deus sabe de todas as coisas e Ele, o Justo Juiz, julgará no Último Dia. Mas seria bom que nós como servos (escravos) do Senhor, fizéssemos somente o que o Senhor nos mandar. Se for conforto, que tenhamos a Palavra dEle para confortar o necessitado.E se for para confronto, confrontemos também,custe o que custar. Repito, confrontar a atitude, o erro, e nunca confrontar pessoas, porque a nossa luta não é contra carne e sangue (Efésios 6:12). Ainda que seja necessário a nossa cabeça rolar, como foi o caso de João Batista, doa a quem doer, as verdades do Evangelho de Jesus precisam ser anunciadas para um mundo que cada vez está em ruínas.

Deus está precisando de homens comprometidos com Ele e com a Seu Evangelho. Porque tem muitos que têm a "palavra" na ponta da língua(para pregar), mas têm Deus no fundo de seus pés(como um servo). E outros, por incrível que pareça, têm compromisso com o Deus da Palavra, mas não querem anunciá-la para os perdidos e neófitos na fé.Tanto o conforto, quanto o confronto, são necessários para a nossa vida diária,e para o Corpo místico de Cristo, desde que estejamos na direção de Deus. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara. Mateus 9:38

E por esses e outros motivoscontinuo afirmando que: "A diferença entre os profetas da Bíblia e os profetas modernos é que os profetas da Bíblia diziam: "ASSIM DIZ O SENHOR"; e os profetas modernos dizem "EU PROFETIZO".Muita diferença não!?

E para você querido leitor,as profecias de hoje Confortam mais ou confrontam mais?

Sempre em Cristo, o Senhor
Xavier Campos Joaquim


|"Pregando o Evangelho dos Evangelhos"|