quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O QUE É APOSTASIA? JÁ ESTAMOS PASSANDO POR ELA?






A primeira pergunta que devemos fazer ao começar esse assunto é? "SERÁ QUE A IGREJA DA ATUALIDADE JÁ ESTÁ APOSTATANDO NA FÉ?"

Apostasia (em grego antigo απόστασις [apóstasis], "estar longe de") tem o sentido de um afastamento definitivo e deliberado de alguma coisa, uma renúncia de sua anterior fé ou doutrinação. Ao contrário da crença popular, não se refere a um mero desvio ou um afastamento em relação à sua fé e à prática religiosa. Pode manifestar-se abertamente ou de modo oculto. 

APOSTASIA NO CRISTIANISMO PROTESTANTE 

No protestantismo apostasia é o esfriamento da fé, o abandono dos princípios bíblicos. Uma igreja ou um indivíduo apóstata é uma igreja ou indivíduo que aderiu ao mundanismo e aos costumes seculares, substituindo os princípios de Deus. De modo mais abrangente, pode-se dizer que um cristão ou igreja são apóstatas quando deixam de seguir os fundamentos da Palavra de Deus, desviando-se da verdadeira fé e voltando-se para o mundanismo, satisfazendo somente os desejos carnais. 

Apostasia da Fé Cristã, ou seja, do Cristianismo primitivo, na ótica das diversas religiões cristãs, é controversa. Existe uma notória diferença entre apostasia da Fé Cristã e apostasia de uma determinada organização religiosa. 

APOSTASIA NAS IGREJAS CRISTÃS TRINITARIANAS 

As igrejas cristãs trinitarianas consideram apostasia o afastamento do fiel do seio da igreja invisível, o Corpo de Cristo, para abraçar ensinos contrários aos fundamentos bíblicos, o que é denominado heresia. Para os trinitarianos, após conhecer o evangelho e estar envolvido com a Palavra Sagrada, para depois negar que a salvação vem de Jesus Cristo, como único e suficiente salvador, é apostatar do ensino mais básico do cristianismo. Este tipo de apostasia é considerado extrema ingratidão e ponto central entre todas as igrejas trinitarianas.[1] 

Apostasia, ainda pode significar: Deixar a fé, rebelar-se. Na profecia a respeito do fim do mundo em 2Tes 2.3, a apostasia se refere a uma grande rebelião em que muitos deixarão a fé. A apostasia também é um perigo permanente nas igrejas e aumenta quando há perseguição e falsos ensinamentos. 1 Tm 4.1 [2] 

APOSTASIA NA BÍBLIA 


Na Bíblia DESTACAMOS um exemplo de dois homens que apostataram da sua fé, ou seja, que a abandonaram e a negaram. Vejamos: 

“Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto. Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns.” (2Tm 2. 17) 

Notem que estes dois homens (Himeneu e Fileto) estavam pregando algo contrário ao que as Sagradas Escrituras (a verdade) ensinavam e foram rapidamente identificados por Paulo como apóstatas. Geralmente o apóstata tem dificuldade de se arrepender e defende a sua “doutrina” com unhas e dentes. Daí a necessidade de serem rapidamente questionados e combatidos. Himineu, Fileto e outros, traziam confusão negando a verdade da Palavra de Deus. 

A Bíblia também nos mostra que nos últimos tempos haverá um abandono da fé por parte de muitas pessoas. “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios” (1Tm 4. 1). Justamente por não valorizarem a Bíblia estas pessoas se perderam em ensinos que não vêm de Deus, ensinos de espíritos enganadores e de demônios. 

Infelizmente estamos vivendo um tempo de grande apostasia, pois as pessoas têm rejeitado a Palavra de Deus, trocando-a por outros ensinos que têm “aparência” de verdadeiros, mas que as levam para cada vez mais longe de Deus. E o pior de tudo é que muitas igrejas têm sido totalmente apóstatas inventando doutrinas que não existem na Bíblia.[3] 


DEPOIS DESSA EXPLANAÇÃO,PODEMOS AFIRMAR QUE A IGREJA DA ATUALIDADE JÁ ESTÁ APOSTATANDO NA FÉ? SIM OU NÃO?


[1[ Wikipédia, Enciclopédia livre 
[2] Dicionário de Estudos Bíblicos, Editora Rideel 
[3] Blog Esboçando Ideias



Pregando o Evangelho dos Evangelhos!

sábado, 9 de agosto de 2014

VALE TUDO PARA PREGAR A CRISTO?

Por Augustus Nicodemus Lopes


Um amigo no Twitter me perguntou faz um tempo se Filipenses 1:18 não justificaria o evangelho gospel e o show gospel. E mais recentemente vejo pessoas usando o mesmo texto para justificar a construção do "templo de Salomão" pela Universal.

Para quem não lembra, Paulo diz o seguinte em Filipenses 1:15-18:

“Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade; estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; aqueles, contudo, pregam a Cristo, por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias. Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei” (Fp 1:15-18).

A interpretação popular desta passagem, especialmente desta frase de Paulo no verso 18, “Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei” – é que para o apóstolo o importante era que o Evangelho fosse pregado, não importando o motivo e nem o método. A conclusão, portanto, é que podemos e devemos usar de todos os recursos, métodos, meios, estratégias, pessoas – não importando a motivação delas – para pregarmos a Jesus Cristo. E que, em decorrência, não podemos criticar, condenar ou julgar ninguém que esteja falando de Cristo e muito menos suas intenções e metodologia. Vale tudo.

Então, tá. Mas, peraí... em que circunstâncias Paulo disse estas palavras? Ele estava preso em Roma quando escreveu esta carta aos filipenses. Ele estava sendo acusado pelos judeus de ser um rebelde, um pervertedor da ordem pública, que proclamava outro imperador além de César.

Quando os judeus que acusavam Paulo eram convocados diante das autoridades romanas para explicar estas acusações que traziam contra ele, eles diziam alguma coisa parecida com isto: “Senhor juiz, este homem Paulo vem espalhando por todo lugar que este Jesus de Nazaré é o Filho de Deus, que nasceu de uma virgem, que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou ao terceiro dia, e que está assentado a direita de Deus, tendo se tornado Senhor de tudo e de todos. Diz também que este Senhor perdoa e salva todos aqueles que creem nele, sem as obras da lei. Senhor juiz, isto é um ataque direto ao imperador, pois somente César é Senhor. Este homem é digno de morte!”

Ao fazer estas acusações, os judeus, nas próprias palavras de Paulo, “proclamavam a Cristo por inveja e porfia... por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias” (verso 17).

Ou seja, Paulo está se regozijando porque os seus acusadores, ao final, no propósito de matá-lo, terminavam anunciando o Evangelho de Cristo aos magistrados e autoridades romanos.

Disto aqui vai uma looooonga distância em tentar usar esta passagem para justificar que cristãos, num país onde são livres para pregar, usem de meios mundanos, escusos, de alianças com ímpios e de estratégias no mínimo polêmicas para anunciar a Cristo. Tenho certeza que Paulo jamais se regozijaria com “cristãos” anunciando o Evangelho por motivos escusos, em busca de poder, popularidade e dinheiro, pois ele mesmo disse:

“Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus” (2Co 2:17).

“Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos; pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade” (2Co 4:1-2).

“Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia. Desviando-se algumas pessoas destas coisas, perderam-se em loquacidade frívola, pretendendo passar por mestres da lei, não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações” (1Ti 1:5-7).

“Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas, altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro” (1Ti 6:3-5).

“Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus” (1Co 2:1-5).

Portanto, usar Filipenses 1:18 para justificar esta banalização pública do Evangelho é usar texto fora do contexto como pretexto.



Pregando o Evangelho dos Evangelhos!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Entre a razão e a emoção: a experiência pentecostal do Espírito


Esdras Bentho

1. A experiência pentecostal do Espírito

Para o pentecostal clássico, a sua experiência do Espírito está arraigada na experiência pneumatológica do Povo de Deus do Antigo e Novo Testamentos. O Pentecoste (At 2) não é interpretado como uma doutrina, uma religião ou um mero movimento, mas uma experiência transformadora. O pentecostal olha para os corredores da história em busca de referências que justifiquem sua experiência e identidade. Por meio da leitura fundamentalista da Bíblia, justifica sua experiência interpretando a experiência pneumatológica do povo de Deus à luz de sua teologia existencial e pessoal. Por meio da leitura da vida de personagens da história eclesiástica identifica sua experiência recente como a continuidade da ação do Espírito no passado. O pentecostal admira, reconhece, inspira-se e identifica-se com personagens bíblicos e modernos que experimentaram a presença do Espírito. Daí a razão pela qual as pregações pentecostais valorizam tanto as ações prodigiosas de personagens como Elias e Eliseu, no Antigo Testamento, e Pedro e Paulo em o Novo Testamento. Assim, para o pentecostal, o Espírito que agiu no passado é o mesmo que age no presente na conversão, na santificação, nas curas, na manifestação dos carismas espirituais e principalmente no batismo no Espírito Santo. Segundo a crença do pentecostal, ele é um dos canais ou instrumentos para as realizações da obra do Espírito no mundo, assim como foram muitos personagens nas Escrituras. Contudo, cabe ressaltar que a expressão “instrumento”, situa-se inadequada e até mesmo retrógada dentro do contexto de autonomia do ser na modernidade quando considerada filosoficamente. O termo não é bíblico e muito menos teológico.

2. A Experiência do Espírito na Modernidade

Por razões pedagógicas e de síntese, a experiência pentecostal do Espírito será descrita em quatro ênfases: pessoal, pneumatológica, litúrgica e comunitária.

2.1. A experiência do Espírito: ênfase pessoal

A primeira experiência do Espírito para o cristão pentecostal é a experiência salvífica, que inclui a conversão, a regeneração, a justificação e a santificação. Compreendidas como obras simultâneas operadas por Deus por meio do Espírito Santo, cuja participação na economia salvífica é acentuada ao lado de Cristo. A teologia pentecostal define, por exemplo, a regeneração (gr. palingenesia, Tt 3,5) como “uma obra efetuada por Deus através do Espírito Santo, pelo qual o homem recebe a vida pessoal de Deus, transformando sua mente, seu coração e sua vontade, de tal maneira que sua inclinação para consigo é mudada, pondo Cristo no centro de sua vida”. A ministração salvífica do Espírito para o pentecostal transforma a natureza pecaminosa do indivíduo em uma nova vida, uma nova criatura. Na vida prática isto levará ao abandono do pecado, dos vícios, da prostituição. A primeira e mais importante experiência individual do Espírito ocorre no plano salvífico. Essa experiência é confessada através dos testemunhos pessoais na evangelização, na pregação e no culto.

2.2. A experiência do Espírito: ênfase pneumatológica

A segunda mais importante experiência pneumatológica para o pentecostal é o batismo no EspíritoSanto com evidência inicial de falar noutras línguas. O cristão pentecostal tem um sentimento de pertença à tradição apostólica de Atos 2 por meio da experiência do batismo no Espírito Santo. Deacordo com a doutrina pentecostal, trata-se de uma experiência separada, lógica e teologicamente, da conversão, do batismo no corpo de Cristo (1Co 12.13) e do batismo em águas (Mt 28.19). Trata-se de uma experiência pneumatológica em que o crente é totalmente imerso no Espírito, daí baptzô, imergir. Os relatos da experiência de batismo no Espírito Santo são variados, pessoais e não repetitivos, disto resulta a subjetividade da experiência. Não há como transferir, reproduzir ou transmitir a mesma experiência a outros. Cada um deve ter sua própria experiência de batismo no Espírito Santo. Nos relatos de recebimento de batismo no Espírito são narradas visões espirituais por alguns, forte comoção por outros, no entanto, a maioria concorda em uma vocação específica para a evangelização e obra missionária, para a santidade pessoal, para a pregação da palavra, para a vida comunitária, exercício de um dos carismas espirituais, e gozo salvífico. A recepção da experiência batismal no Espírito também é acompanhada por uma forte oralidade e êxtase. O êxtase não nega, desvaloriza ou destrói a estruturahumana como ocorre com a possessão, uma vez que Deus não precisa destruir a natureza humana para se manifestar nela. A experiência do batismo não destrói a consciência ou a deixa “infrutífera”. Apesar de ser um estado de êxtase, o batizado está cônscio de sua experiência a ponto de poder relatá-la racionalmente.

No pentecostalismo clássico, funções eclesiásticas como educação cristã, diaconia, cargos de liderança e pastoreado só podem ser exercidos se a pessoa for batizada no Espírito Santo. Isto, obviamente, acentua a importância que o movimento dá ação do Espírito capacitando o crente ao exercício da obra de Deus, muito embora haja nos dias hodiernos grupos de cristãos pentecostais que se interrogam a respeito da validade de tal princípio.

2.3. A experiência do Espírito: ênfase litúrgica e comunitária

A terceira e quarta experiência mais enfatizada pelo pentecostal é a celebração comunitária da salvação em Cristo. Com ênfase comunitária e conversionista são destacados os testemunhos pessoais de curas, de milagres, de bênçãos materiais, de casamento e eventos prodigiosos, seguidos de cânticos congregacionais e adoração intimista. Em cada destaque, a ação, o poder e a experiência do Espírito são anunciados como elementos contemporâneos e proféticos: o que o Espírito fez a um pode fazer ainda que de modo diferente a todos. Os símbolos (óleo, fogo, pompa, selo) e o poder do Espírito são enfatizados tanto quanto a pessoa do Espírito. É o Espírito que fala e dirige o culto, o crente, a liturgia, tudo mediado pelo seu instrumento: alguém (ele ou ela) batizado no Espírito Santo.

3. Pentecostalidade e saber racional



Embora haja no Brasil certa produção teológica pentecostal (nacional e estrangeira), o pentecostal ainda hoje enfatiza mais a experiência do Espírito do que a teologia. A experiência do Espírito e a teologia, a emoção e a razão, a crença interiorizada e o saber racional há muito são vertentes difíceis de reconciliar para os pentecostais. Donald Gee, um dos principais expositores do pentecostalismo clássico, afirmou certa vez que “é preciso que as igrejas pentecostais [...] acrescentem ao nosso ardente testemunho de experiência [...] esforço intelectual mais determinado a fim de expor com precisão a nossa fé. Não devemos nos deleitar com emoções profundas à custa de reflexões superficiais” [1].

[1] GEE, D. Como Receber o Batismo no Espírito Santo. 6 ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p 68-69. Ver também PALMA, A. D. O batismo no Espírito Santo e com fogo: fundamentos bíblicos e a atualidade da doutrina pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

Fonte: CPAD NEWS
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